sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Diclofenaco sódico deve ser evitado por hipertensos? E o potássico?

No meu post sobre as diferenças entre os tipos de diclofenaco, pude notar, nos comentários, que existe mais um mito a respeito deste medicamento: de que o diclofenaco sódico não deve ser usado por hipertensos, devendo ser utilizado o diclofenaco potássico nestes casos.

Peço desculpas aos leigos, mas para chegar à minha conclusão, preciso apresentar alguns argumentos técnicos. Porém, farei o máximo para simplificá-los.

A massa molecular do diclofenaco sódico é aproximadamente 318. A massa atômica do sódio é 23. Então, a massa somente do sódio equivale a 7,23% da massa do diclofenaco sódico.

Um comprimido de diclofenaco sódico comum contém 50 mg desta substância. 7,23% destes 50 mg são 3,6 mg. Podemos concluir que a quantidade de sódio proveniente do diclofenaco, por comprimido, é de 3,6 mg.

A posologia usual é de 1 comprimido a cada 8 horas, o que dá 3 comprimidos por dia. Temos então 10,8 mg de sódio diários provenientes do diclofenaco dos 3 comprimidos.

A quantidade de sódio recomendada por dia deve ser de no máximo 2.300 mg, de preferência ficando abaixo de 2.000 mg. Para portadores de hipertensão (pressão alta), essa quantidade deve baixar para no máximo 1.500 mg por dia. Isso nos mostra que os 10,8 mg provenientes do diclofenaco são praticamente irrelevantes com relação ao total diário.

Então um paciente hipertenso pode tomar tranquilamente o diclofenaco sódico??? NÃO!!!

E por que não?

Porque a maioria dos anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), incluídos aí os diclofenacos sódico e potássico, podem elevar a pressão arterial. Esta elevação pode ser ainda maior em pacientes hipertensos.

Conclusão: pacientes hipertensos não devem usar diclofenaco sódico nem potássico sem orientação médica, pois ambos podem provocar um aumento da pressão arterial, não pelo conteúdo de sódio, mas pela própria ação (farmacodinâmica) do diclofenaco.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Qual a diferença entre Diarreia e Disenteria (ou seria Desinteria)?

Essa é uma dúvida bastante frequente, mas não tão difícil de ser respondida.

A Diarreia é o aumento do número de evacuações, normalmente (mas não sempre) acompanhadas por fezes amolecidas (pastosas ou líquidas).

Pode ser causada por diversos fatores, como infecções por vírus, bactérias ou parasitas; medicamentos, alergias, ou ainda doenças inflamatórias intestinais.

O principal problema causado pela diarreia é a desidratação, que pode levar à morte principalmente crianças e idosos.

Já a Disenteria é uma doença inflamatória intestinal que provoca diarreia, mas sempre acompanhada por muco e sangue.

É também causada por infecções virais, bacterianas, protozoárias ou parasíticas.

Pessoas com disenteria em geral apresentam febre, tosse, cólicas intestinais e diminuição do apetite, podendo levar rapidamente à perda de peso e até à desnutrição.

E qual o correto? Disenteria ou Desinteria?

Por se tratar de uma doença (disfunção) do intestino (entérica), ou seja, disfunção entérica, o correto é Disenteria.

Então, resumindo:

Se você tiver uma diarreia, mas estiver saindo sangue e muco, é na verdade uma disenteria.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Por que os médicos sempre dizem que é uma Virose?

É muito comum a reclamação, por parte dos pacientes, quando estes procuram o médico e recebem como diagnóstico: "Isto é uma virose!". Por que os médicos sempre respondem isto?

Tecnicamente falando, virose é qualquer doença causada por vírus. Podemos então dizer que gripe, resfriado e até mesmo a AIDS são viroses.

Mas as reclamações surgem quando o diagnóstico é recebido diante de um quadro que apresenta, geralmente: diarreia, vômitos, indisposição, dores no corpo, e até mesmo febre. O médico diz que é preciso ingerir bastante líquidos, e prescreve um simples analgésico para as dores e a febre. "Ele disse que eu tenho uma virose, só passou um remedinho pra dor e mandou eu tomar bastante líquido! Nem me olhou direito! Por que não me passou um remédio mais forte? Acho que ele nem sabe o que eu tenho, então diz que é virose!". Essa é uma queixa bastante comum!

Vamos entender uma coisa: as doenças causadas por vírus são extremamente difíceis de serem tratadas com medicamentos. Como exemplo, o vírus da AIDS só consegue ser controlado através de uma combinação de diversos medicamentos, que mesmo assim não acabam com ele. O vírus da gripe também pode ser tratado com um medicamento específico para ele (Tamiflu - oseltamivir). Já os vírus que causam resfriados não têm tratamento específico, e por isso controlam-se apenas os sintomas, como febre e dores de cabeça e corpo.

É esse o caso das viroses gastrointestinais, muito comuns no verão. Também são causadas por diversos tipos de vírus, e não há tratamento específico. Por este motivo, devemos apenas controlar os sintomas (febre e dores), e o mais importante: manter a hidratação, pois perde-se muita água e sais minerais por causa da diarreia. Geralmente, a doença dura poucos dias, e não há medicamento que acelere a cura.

Da próxima vez que receber um diagnóstico de virose, não revolte-se com seu médico! Ele apenas está fazendo o que deve ser feito!

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